segunda-feira, 1 de agosto de 2011

No meio, existiu o fim.

Se o começo se fez por ti, pensava que por direito o fim era meu. Paramos no meio, nosso café esfriou. No reflexo não me era mais, apenas a falta de você - Vestida impecavelmente por meus olhos fundos e transparentes, que ousavam procurar em qualquer estranho um traço teu.
Não achei tu, não me reencontrei. Em muitas mesas afundei meu rosto, na esperança de que minha falta de ar a fizesse voltar, distribui minha vida aos pouquinhos, vendi barato pequenas doses de ilusão, mas no fim da noite, nossa cama continuou vazia, cheia de solidão.
Seu batom caqui em minha garganta, nosso cheiro que nunca saiu de lá. Paredes que me prendiam nesse lugar que só existiu por nós dois, lembranças das vezes em que fomos um só.
Descobri mais tarde, que até do teu gosto passei a gostar, me acostumei com tuas unhas ruídas, com teu perfume forte de maçã.
No meu alfabeto falta agora uma letra, a primeira e mais importante, que fugiu pra longe antes mesmo que eu aprendesse a escrever, a lhe descrever. Nunca aprendi. Talvez se tivesse, tu teria voltado, talvez estivesse tudo no mesmo lugar.
No fim, o fim foi meu, meu fim, falta de ti, ausência de nós.

-Sinto falta

- Eu presença

- Presença?

- Presença de tu que não ficou

- Ficou uma parte

- Minha parte

- Tua parte, faz com ela o que quiseres.

domingo, 24 de julho de 2011

Nossos restos, espalhados pelo nada. Nada que sobrou, não sobrou nada. Por muito tempo fostes meu querer, fostes também meu maior temor. Fostes lágrimas e mais lágrimas, são lagrimas e mais lagrimas. Fostes drama, eu sou drama. Não se esquece assim do que é, quando é. Foi você, você minha janela, meu lar, meu anti-herói. Anti-herói que sofreu mais que eu, eu que me julgava sempre certa, isenta de qualquer erro; não era bem assim. Não foi bem assim, se fosse, eu não estaria aqui, sozinha e morta. Tão morta que ignorei sentir tua falta, tão morta que não consegui teu perdão. 
Eu quero que entenda, que o que eu queria é viver, só viver, só voar. Perdi, perdi por tudo, perdi quem mais importava, perdi. Só perdi.
A escuridão mórbida que tomava conta de todo o recinto já não mais fazia meus ossos rangerem, afinal, quando toda sua vida se resume em vazio, de pouco importa não enxergar nada. Era o que todos diziam, eu não enxergava a muito tempo o que estava diante de meus olhos e proximo aos meus lábios, tão próximo que poderia até sentir sua respiração. Era bom; quente. Mas não era amor, eu nunca deixei que fosse. O estranho é que de algum modo algo gritava desesperadamente pra que eu não a deixasse escorrer, pra que não a fizesse sangrar. Talvez visse um “eu” jovem em seu espelho - Um “eu” destinado a lamentar por quem procurava qualquer alguem pra se redimir dos erros do passado, pra tentar deixar pra trás a dura sensação de não ter sido o suficiente.
O duro é ver que em outra posição, tu não se dá conta de seus próprios atos, não vê que o que faz agora foi o que te machucou ontem, e que de mocinho á anti-herói existe apenas o tempo. Tempo que te leva, tempo que te traz de volta, mas tempo que não serve pra curar, apenas pra trancar em si mesmo algo do qual se envergonha por jamais ter conseguido apagar. Trancando junto todo seu calor, seu medo do escuro. - Não há nada lá que me dê mais medo do que vejo no reflexo hoje - Algo sem graça, sem cor. Sem ar, sem a. Sem a.

domingo, 10 de julho de 2011

Sou um canalha incorrigível, desses que não se fabricam mais hoje em dia por razões técnicas: Acabam sempre dando muito defeito.
Podemos correr, fugir, se esconder, mas não dá pra evitar: A gente se apaixona, se apaixona mesmo sem querer, sem saber, sem poder. Se apaixona independente da pele ou do sexo. Se apaixona pela cor dos olhos, pelo tom da voz, pelos erros de Português. Se apaixona mesmo quando tenta fugir, quando a história é falha, quando não é reciproco. Se apaixona quando é contra as regras, quando os outros desacreditam, quando a distância atrapalha. A gente se apaixona, e um dia toma conciência de que nada disso realmente importa, que o que os outros vão pensar some na imensidão desse sentimento, sentimento tão grande que agora um corpo só não é capaz de suportar. A gente entende, que por mais que reais quase dois mil quilotros, um estado inteiro e milhões de pessoas separem, duas almas que se amam vão estar sempre juntas, unidas por um fio imaginário tão forte que nem um exercito inteiro é capaz de romper.
Então novamente era eu, fumaça e minha solidão. Pensei que não poderia ser tão ruim, afinal, eu estava em casa. Não foi ruim - Foi pior. 

domingo, 19 de junho de 2011

Acho que eu perdi os sentidos. Acho que eu perdi a vergonha na cara. Mas pra que vergonha na cara? Eu tinha amor, só isso bastava. Amor esse que me falta hoje, amor que sobra nas rádios e na televisão, amor do qual eu me não canso de escrever. Escrever sobre o que não se vive mais, pode parecer banal. Mas que seja. Que seja banal, que seja agora, que não seja mais real. 

quarta-feira, 1 de junho de 2011


Eu fiquei a semana inteira aqui, pensando em não pensar em te esperar, mas no fundo, foi só o que eu fiz. A campainha tocou: Não era você. O telefone tocou: Não era você. Eu sai, eu voltei, eu fingi tentar - Não tentei.
Eram duas, eram três, eram quatro, eram seis. Era o tempo que passava devagar, mas mesmo assim, passava.
Então passou: Passou eu, passou você, viramos nós - Fomos nós; não somos mais, não somos nada.
Eu fiquei, eu esperei, eu perdi. Te perdi? Perdi. Talvez nunca tenha tido, talvez você nunca tenha me dito. Talvez eu não quisesse escutar.
Ficou pra depois, era pra ter sido antes, agora não importava mais. 
Não importava pra você - Não veio, não ligou, não tentou.
- Eu tentei
- Eu não vi
- Tu não vê nada
- Me deixa te ver

domingo, 22 de maio de 2011

21:19


Faz tão mal quando estás longe, agora volta e já faz bem. Faz bem? Fez bem, sempre fez, mesmo fazendo tanto mal.
 É o que eu venho tentando explicar a mim mesmo. Venho tentando explicar porque o seu bem me faz tão bem, se o meu bem não te causa nada. Ou será que causa? Me perdoe se olho só pelo meu lado, é que é o meu lado, é só por ele que posso olhar.
Eu admito que nunca tentei olhar meu lado pelo o seu, até porque se tentasse, se tornaria também o meu, e algumas coisas, mesmo unidas, tem que se firmar particulares, não é? É isso quanto ao ponto de vista. Mas eu queria, descumprindo as regras, olhar apenas por uma vez seu lado – Não olhando pelo meu.
Será que eu veria o que eu vejo por aqui? Ou veria ao contrário? Veria você como um simples figurante? Já que é assim que me vejo olhando pelo meu lado, no meu mundo, onde te faço minha princesa mais sublime, meu personagem principal. 

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Aí você vasculha toda a agenda do celular, e descobri que nenhum contato ali supre sua necessidade de alguém - Quem? - Que nenhum vai suprir.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Lembranças insistentes

- Vais embora?
- Tu nem vai lembrar
- Pode até ser que não, mas é o teu rosto que eu vejo em todos os meus sonhos. Imagina o quanto é angustiante?
- Eu sinto muito
- Se sentisse ficaria
- Tu sabe que eu não posso
-Tu sabe o quanto dói
- Tu sabe que eu sempre volto
- E vai doer de novo quanto for embora. Isso nunca acaba? Afinal, pra onde você vai?
- Eu deixo de existir
- Deixa?
- Toda vez que te deixo
- Não me deixe aqui

Então o céu ciano desabou em água, como se até os anjos, ainda que de tão longe, chorassem também sua dor.
Os dedos antes entrelaçados, agora eram obrigados a aceitar seus destinos, mesmo que depois de se soltarem só existiria uma imensidão de nada, regada de uma  memória distante de uma história em que o anti-herói sofria tanto quanto a mocinha.
Ela não conseguia, ele o fez. Os olhos cheios d’água a fizeram cair de joelhos para implorar que ficasse; ele não podia mais. Não era uma escolha – Era um caminho traçado bem antes da vida dela começar. Eram duas almas destinadas a sofrer pela perda em cada encontro, mas, que mesmo com tudo, continuavam eternamente a serem os dois lados da mesma moeda.
Não havia nada a se fazer, quando seu sua imagem sumiu perante as arvores adormecidas pelo inverno, tudo acontecera novamente. Em um segundo estava parada, perdendo o ar, suplicando até ao que não acreditava para que cada centímetro do seu corpo estremecesse e acabasse por ali mesmo. No outro não existia mais, ainda ardia, mas não sabia ao certo porque.
Ficou de pé, tentando olhar para os lados e assimilar o que acabara de presenciar, mas, por mais esforço que fizesse, não conseguia.  Pensava que de certo apagara de novo, talvez por horas, ou até por dias, não importava mais.
Era tarde, havia de encontrar o rumo de casa, ainda que em seu subconsciente,  fazia dela as palavras: Longe dele também não existia, apenas resistia.
De onde estava ele podia a ver. Sofria sozinho, sangrava por dentro, queria voltar. Mas se tudo tinha que ser assim, o que fazer? Tinha de se conformar e aceitar, que só assim poderia te-la – Ouvindo seu choro a todo final. 

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Tente ler por trás - As palavras podem ter vários sentidos.

- Você por aqui?

- Eu sempre venho aqui

- É, eu acho que esqueci

- Eu acho que esqueceu

- Eu falava do fato

- Eu falava de nós

- Eu sei

- Sempre sabe

- Nem sempre

- Antes sabia. Tu mudaste

- Faz tempo

- Eu sei

- Eu sabia

- Tu esqueceu?

- Eu queria

- Só queria?

- Até tentei

- E não deu certo?

- Você faz perguntas obvias

- Nada é tão obvio assim, tu deveria saber.

- Eu deveria saber tantas coisas

- Uma delas é que a minha casa fica na mesma avenida

- Ainda deve ter o mesmo cheiro

- Eu tentei tirar

- Eu tô sempre tentando. 

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O lugar até podia ser ideal, mas estava longe de ser o idealizado. Outro parque, outros tempos, outro janeiro, talvez de um ano diferente, talvez de um dia igual.
As mãos que tremiam – De certo não de frio – Se viram obrigadas a saírem dos bolsos, cada qual com um elemento de seu vício, cada qual carregada de indecisão.
Então eram os três últimos cigarros, mas eu sempre tinha alguns espalhados pela casa – Que agora estava longe demais pra pensar.

- Você quer um?

- Eu parei de fumar

- É mesmo? Faz quanto tempo?

- Hum... Exatamente duas horas, eu to tentando.

- Você tenta demais

- Você nunca consegue

- Por isso não tento

- Pois deveria

- Tenho vícios mais graves

- Comece por eles

- Estou tentando

- Há quanto tempo?

- Dês da ultima vez que levantei meu rosto e almejei seus olhos.

... 

- Me dá um cigarro

- Você parou

- Eu tenho vícios mais graves.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Então a noite era escura e fria, e eu só queria uma resposta, que não chegou  - Que nunca chegou.

- Eu gosto dele 

- Mas gostar não é mais que amar

- Não sei d o que você está falando

- De todas as vezes que tu disse e repetiu o que sentia por mim, e não era gostar

- Você nunca esteve confuso?

- Eu estou agora

- Em que?

- Entre duas coisas com que me importo, mas que não convivem juntas

- Quais são?

- Você e meu orgulho

- Por  que?

- Porque ele foge quando estou de frente pra ti

- Você demonstra sempre ser tão forte

- Você é minha morfina
Chegou com a força e a rapidez de um cometa; deixou estragos tão grandes como um tufão. E talvez o pior de tudo nem seja isso, ferida por ferida, ela já residia ali, com outro nome, outro gosto, mas com a mesma essência.
É claro que agora é tudo mais recente, é claro que aparenta doer mais – Mas não dói, é só utopia.
Tudo isso me remete a um tempo que parece tão distante quanto o de quando eu prendia abelhas em garrafas no jardim da casa da minha avó, só pra vê-las voarem até perderem o fôlego, mesmo que em tempo real não faça tanto tempo – Faça até muito pouco. São lembranças frias, de uma época efusiva e inconsequente, que tudo o que eu queria era querer mais o que eu deixei de querer logo após conseguir.
Talvez o pior seja ver tudo que eu deixei pra trás voltar como um filme, em que o final não pertenceu a mim. Talvez o pior é ver que o anti-herói me assusta e me encanta mais do que o que encarnava antes esse papel
As vezes eu penso em te ligar, as vezes eu penso em implorar até te ver voltar. 

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O rock acabou, melhor ligar sua TV

A decadência da musica vem influenciando vários gêneros, e, infelizmente, o rock não poderia ficar de fora.
As letras com clamor de liberdade e amor, antes tão conhecidas, agora vão dando lugar a “Yhos e Yeahs” cada vez mais repetitivos e com arranjos musicais que, cá para nós, se parecem mais com os da Xuxa.
As bandas brasileiras são um exemplo claro desse fenômeno: As calças jeans rasgadas, os músicos cheios de atitude e o velho símbolo do rock estão sendo trocados pelas calças coloridas e crianças de vinte anos acompanhadas de seus coraçãozinhos feito com as mãos.
Algumas semanas atrás, um comentário (Um tanto quanto dispensável) do cantor pop Justin Bieber  deve ter feito o velho vocalista do Nirvana se remexer em seu túmulo. “Sinto-me o Kurt Cobain da minha geração, mas as pessoas não me entendem”. É, meu querido garoto  “prodígio”, é claro que as pessoas não entendem, além dos dois serem músicos e do sexo masculino a unica semelhança entre os dois é o reconhecimento da juventude - Mas não a mesma. Antes voltada para seu ideal, que defendia até o fim sua causa, o que nem se compara a de agora, alienada e vendida para a MTV.
É claro que toda regra ainda tem sua exceção, ainda se fazem (poucas) bandas como antigamente, no cenário nacional e internacional, mas, com certeza, Cine e Tokio Hotel não estão entre elas.

O meu maior defeito é fazer das pessoas aspirina - Até alivia, mas volta pior depois.

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O meu presente está sempre batendo de frente com meu passado. É como se toda vez que o meu “eu” de hoje se sente completo, realizado, o “eu” de antes volta pra dizer que não era nada disso que eu almejava, que não posso renunciar a tudo que lutei tanto pra conseguir.
Talvez seja isso – Talvez eu esteja mesmo renunciando a tudo o que eu queria, e que no fundo, só acabou fazendo mal.
E toda vez que isso acontece eu acabo voltando atrás, porque meu medo de tentar me impede de viver, porque é frio não ter pra onde voltar.
Mas essa noite tudo é diferente, o calor que invade a sala não me deixa desistir.
Então, por favor, querido passado, continue adormecido, aí no seu lugar, se fazendo presente apenas em forma de memórias, e não se meta mais na minha vida. Não quando estou a um degrau de acertar – Ou de voltar ao início. 

Depois de algum tempo vomitando sentimentos em folhas de papel, você acaba por entender que tudo que você escreve, é o que fundo você queria ouvir de alguém - Ou de apenas uma pessoa em especial.


Tudo correu tão rápido que ainda é difícil assimilar o coquetel de sentimentos que agora giram desorbitadamente em minha cabeça.
Eu me sinto efusivo, ofegante e estridente, mas ainda tenho medo de subir muito alto, porque tudo que sobe um dia acaba descendo, e me dá calafrios a hipótese de estar desperdiçando saliva e sentimento com quem não merece - E eu não estou dizendo que ele não merece - Eu falo sobre mim, sobre como é difícil entrar em um jogo, que, uma vez perdido, causa feridas irreparáveis e que demoram a fechar.
Amar é como andar a noite em meio a um lugar desconhecido, é se dividir em dois, e deixar pra sempre uma parte sua em outra pessoa. E a pergunta é: Eu estou pronto pra viver com apenas uma parte de mim? Bem, eu espero que sim, porque é tarde demais, o passo já foi dado e eu não posso - Nem quero - voltar atrás
- Vai viver
- Eu não vivo sem você
- Então aprenda
- Mas se eu aprender, quem fará as escolhas por você?
- Eu farei
- E tu sabe caminhar sozinha?
- Você nunca me deixou tentar
- Dessa vez é diferente
- Ok então.
                    Silêncio…
- Eu fiz minha escolha
- E qual é?
- Eu escolhi deixar você escolher
- E por que?
- Por que eu não quero que tu aprenda a viver sem mim
- Mas essa não era a proposta?
- Eu sempre falo da boca pra fora, tu já deveria saber.
- Talvez. 

Quem apagou a luz?

- Você me tem nas mãos
- Se eu realmente tivesse, você estaria aqui
- E eu não estou?
- Mas não está comigo
- Pra mim é suficiente.
- Pra mim não. Pra mim só o que você quer é ter pra onde voltar, e eu sei que eu sou seu porto seguro.
- Então tá, você sabe de tudo
- Eu sei da minha vida
- E eu da minha
- Tu não sabe da tua
- Então não sei
- É, não sabe
- Vai viver, vai
- Pode deixar
                          Silêncio…
- Eu amo você
- Eu não sei de nada